Abordagem a pessoa com estomia
As principais causas para a realização da estomia de eliminação são as neoplasias, os distúrbios congênitos, os traumas e as doenças inflamatórias intestinais (diverticulite, colite ulcerativa e doença de Crohn). (BURCH, 2014b). As eliminações passam a ser feitas por um orifício no abdome, de modo contínuo, sendo necessário o uso de um dispositivo coletor. (NEIL et al., 2016).
A enfermagem tem a responsabilidade de participar de todas as etapas do cuidado da pessoa com estomia. No período pré-operatório, realiza a demarcação do local da estomia. Na alta hospitalar, participa do ensino para o autocuidado, da prevenção e do tratamento de intercorrências, da troca de equipamentos coletores e encaminha o paciente ao programa de estomias de sua região. (LENZA et al., 2013).
Para a pessoa que se depara com a necessidade de realizar uma estomia, as modificações corporais podem ocasionar tanto perdas tangíveis como simbólicas que afetam negativamente suas vidas. Dentre as tangíveis, destacam-se a interrupção dos hábitos intestinais ocasionada pela perda do controle fecal e da eliminação de gases. Essa mudança, por consequência, tem impacto simbólico, pois leva à exposição da intimidade, uma vez que o ato de evacuar deixa de ser íntimo e privativo. Além disso, a possibilidade ou o sentimento de haver mau cheiro pode gerar dificuldade em manter relações interpessoais e sensação de incapacidade de lidar com a vida. (ORTIZ-RIVAS, 2014).
Para que ocorra o autocuidado, faz-se necessário identificar as necessidades individuais, o potencial para a aprendizagem, e o nível de conscientização do estomizado e da família. Portanto, para que haja a reabilitação e o autocuidado da pessoa com estomia, é necessário que o enfermeiro esteja subsidiado tecnicamente para adequar sua prática às necessidades desse público específico, com atenção especial às questões educativas. (MORAIS, 2013).
Para o uso dos equipamentos coletores, a pessoa com estomia deve adquirir habilidade básicas para o autocuidado (STEINHAGEN; COLWELL; CANNON, 2017). As dificuldades no manuseio dos dispositivos são decorrentes de uma série de alterações que torna difícil se adaptar à nova situação. Concorre para o agravamento dessa questão também a suscetibilidade a problemas emocionais, dentre as quais se destacam a idade avançada ou a própria debilidade física ocasionada pela doença que levou a estomização. (ORTIZ-RIVAS, 2014).
Nessa perspectiva, a assistência de enfermagem à pessoa com estomia deve englobar orientações relativas ao tipo de estomia e à alimentação adequada, bem como ações específicas de cuidado com a manutenção da integridade da pele periestomia, orientações de uso dos adjuvantes e dos dispositivos coletores, orientações para prevenção e tratamento de intercorrências nas estomias e região periestomia. Essas ações e orientações devem ser planejadas e executadas em todas as fases do processo, visando alcançar a reabilitação..(SCHREIBER, 2016).
Referências:
BURCH, Jennie. Care of patients with peristomal skin complications. Nursing Standard, London, v. 28, n. 37, p. 51-57, May 2014b. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24823592>. Acesso em: 15 out. 2017.
LENZA, Nariman de Felicio Bortucan et al. Características socioculturais e clínicas de estomizados intestinais e de familiares em um Programa de Ostomizados. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 15, n. 3, p. 755-762, jul./set. 2013. Disponível em: < https://revistas.ufg.br/fen/article/view/17594/15502>. Acesso em: 18 out. 2017.
MORAIS, DAMARIS. Mulher ostomizada você é capaz de manter o encanto. São Paulo: ABRASO, 2013. Disponível em: <http://www.abraso.org.br/Cartilha%20da% 20Mulher%20Ostomizada%206%C2%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 18 out. 2017.
NEIL, Nancy et al. A cost-utility model of care for peristomal skin complications. Journal of Wound, Ostomy, and Continence Nursing, St. Louis, v. 43, n. 1, p. 62-68, 2016. doi:10.1097/WON.0000000000000194.
ORTIZ-RIVAS, Miriam Karina et al. Nivel de adaptación de la autoimagen y mecanismos de defensa en ancianos con estoma complicado. Enfermería Clínica, [S.l.], v. 24, n. 6, p. 339-344, Nov./Dec. 2014. https://doi.org/10.1016/J.ENFCLI. 2014.07.006
SCHREIBER, M. L. Evidence-based practice. ostomies: nursing care and management. Medsurg Nursing, Pitman, v. 25, n. 2, p. 127-124, Mar. 2016.
STEINHAGEN, Emily; COLWELL, Janice, CANNON, M. Lisa M. Intestinal stomas-postoperative stoma care and peristomal skin complications. Clin Colon Rectal Surg., [S.l.], v. 30, n. 3, p.184-192, Jul, 2017.doi: 10.1055/s-0037-1598159.