Sobre
A restauração da continência em pessoas com colostomia tem sido considerada etapa importante na reabilitação. Pois, permite o controle das eliminações intestinais por meio de oclusor/obturador e pelo sistema de irrigação da colostomia. (BORGES; RIBEIRO, 2015; HAHIMOTO; RODRIGUES, 2012; PAULA; CESARETTI, 2014c; SANTOS; CESARETTI; LIMA, 2015).
Método de Irrigação do Cólon
A irrigação da colostomia é um método mecânico utilizado para regular a atividade intestinal em pacientes com colostomia definitivas de cólon descendente ou sigmoide. A técnica consiste na introdução de água potável no intestino grosso através da colostomia (de 750 a 1500 ml), à temperatura corporal. Esse procedimento causa a dilatação estrutural no cólon, a estimulação do peristaltismo e o esvaziamento do conteúdo fecal por um período programado de 24h a 72h. (BORGES; RIBEIRO, 2015; HAHIMOTO; RODRIGUES, 2012; PAULA; CESARETTI, 2014c; SANTOS; CESARETTI; LIMA, 2015).
Em síntese, os objetivos da irrigação do cólon são: reestabelecer hábito intestinal regular em pessoas com colostomia; reduzir a incidência de gases e odor; diminuir a frequência do uso de equipamentos coletores; reduzir a incidência de complicação na pele periestomia; minimizar os custos financeiros do usuário, entre outros. (BORGES; RIBEIRO, 2015; HAHIMOTO; RODRIGUES, 2012; PAULA; CESARETTI, 2014c; SANTOS; CESARETTI; LIMA, 2015).
A indicação do uso desse método deve se dar mediante prescrição médica. Além disso, segue critérios relacionados ao tipo de estomia, conforme as condições clínicas e de autonomia do estomizado. (BORGES; RODRIGUES, 2015; PAULA; CESARETTI, 2014c; SANTOS; CESARETTI; LIMA, 2015). Essas condições são as seguintes:
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ter colostomia terminal em cólon descendente ou sigmoide;
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não apresentar doenças intestinais como retocolite ulcerativa inespecífica, doença de Crohn, diverticulite, câncer ou doenças associadas, como cardíacas e renais;
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não apreesentar complicações na estomia, como prolapso, hérnia, retração, estenose ou dermatite;
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ter encerrado os ciclos de radioterapia ou quimioterapia;
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ter capacidade para o autocuidado.
A responsabilidade das orientações para a autoirrigação competem ao enfermeiro capacitado, preferencialmente ET. Essas orientações incluem a descrição do processo, dos dispositivos necessários e do procedimento técnico para a realização da irrigação da colostomia. (BORGES; RIBEIRO, 2015; PAULA; CESARETTI, 2014c; SANTOS; CESARETTI; LIMA, 2015).
Antes de iniciar as sessões de orientação, o enfermeiro ET deve explicar ao estomizado as vantagens e as desvantagens do método de irrigação no quadro abaixo.
Vantagens | Desvantagens |
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Controle das eliminações intestinais. | Consumo de tempo (em torno de 1h). |
Uso do oclusor/obturador e abolição do uso de bolsa coletora. | Limitações de sua aplicabilidade. |
Maior variedade na dieta. | Índices residuais, como gases. |
Recuperação da autoestima. | Necessidade de sanitário livre para realizar o procedimento. |
Retorno precoce às atividades de trabalho e lazer. | |
Promoção do ajustamento emocional e social. |
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Borges, Ribeiro (2015); Paula, Cesaretti (2014c); Santos, Cesaretti e Lima (2015).
Para iniciar o programa de educação do autocuidado, o enfermeiro deve proceder à avaliação integral do colostomizado, considerando seu estado geral, emocional e psicológico. Além disso, também deve ser avaliada a motivação para o aprendizado e a capacidade de compreender as orientações. Bem como, as condições da estomia, da pele periestomia e sanitárias em sua residência. (BORGES; RIBEIRO, 2015; PAULA; CESARETTI, 2014c; SANTOS; CESARETTI; LIMA, 2015).
O início é variável, sendo preconizado ao menos um mês após a cirurgia. Esse é o período mínimo que possibilita à pessoa com colostomia estar com melhores condições físicas e emocionais. (BORGES; RIBEIRO, 2015; PAULA; CESARETTI, 2014c; SANTOS; CESARETTI; LIMA, 2015).
Inicialmente, o processo educativo consiste em três sessões que devem ser programadas sempre no mesmo horário e em dias consecutivos:
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É apresentado o equipamento e executada a técnica passo a passo, procedida de explanação sobre o procedimento (utilizando-se de recursos, tais como: fotos, vídeos e outros) pelo ET ou pelo enfermeiro capacitado.
2
Após a constatação dos resultados obtidos com a primeira irrigação, o treinando relembra a técnica, executando-a , a seguir, com a ajuda do ET/enfermeiro, que reforça os pontos principais a serem observados.
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Novamente o usuário relata acerca dos resultados da segunda irrigação e da técnica, antes de executá-la sob a supervisão do ET/enfermeiro. Nessa oportunidade, o treinando é avaliado quando a sua competência em autoirrigar-se sem auxílio.
Caso o enfermeiro julgue necessário, serão marcadas novas sessões. Após a fase de orientação, o usuário deverá realizar a irrigação diariamente, sempre no mesmo horário, por 1 a 6 meses, com reavaliações agendadas nesse período. O ajuste da frequência, para 48h a 72 horas, é realizado por orientação do enfermeiro, considerando a resposta intestinal obtida, em um prazo mínimo de um mês. (BORGES; RIBEIRO, 2015; PAULA; CESARETTI, 2014c; SANTOS; CESARETTI; LIMA, 2015). Para a realização da irrigação do cólon é necessário o equipamento de irrigação completo, conforme descrito abaixo:
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Recipiente do irrigador, transparente, com escala graduada, indicador de temperatura da água e capacidade mínima de 1500 ml com extensão que possui uma valvula de controle de fluxo da água.
2
Cateter de plástico com extremidade cônica e maleável.
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Bolsa de drenagem (manga), transparente com abertura nas duas extremidades.
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Cinto elástico ajustável.
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Suporte para cinto elástico e acople da manga drenadora.