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Orientações

Complicações nas estomias e região da pele peristomia

Complicações

Dermatite da pele periestomia

A dermatite periestomia é uma complicação caracterizada pela irritação da pele periestomia. Pode ser causada pelo contato com fluido intestinal ou urinário, bem como por alergia decorrente do material adesivo do plástico do dispositivo coletor. (BORGES; RIBEIRO, 2015).

Dermatite da pele periestomia

Fonte: Arquivo pessoal da Enfermeira ET Sandra Marina da Silva Rosado Furtado (2014).

A dermatite é a causa mais comum de perda da integridade da pele periestomia, geralmente manifestada por eritema, rubor, dor e calor. É mais frequente nas ileostomias, na colostomia direita e nas urostomias. (FURTADO; PETUCO; SILVA, 2018).

As dermatites decorrem da inadequação dos equipamentos utilizados e são agravadas quando associadas a complicações como retrações e fístulas. Além disso, a troca frequente de placas adesivas provoca a retirada das camadas protetoras da pele, causando hiperemia e erosão.

A prevenção da dermatite da pele periestomia necessita de alguns cuidados. (BORGES; RIBEIRO, 2015):

Cuidados
Manter a região limpa e livre de umidade;
Realizar a limpeza com água e produtos próprios para a higiene da pele periestomia, com movimentos suaves para prevenir o trauma mecânico ou irritação pela fricção da pele;
Remover todos os resíduos da placa adesiva da bolsa coletora ou de outros adesivos, bem como os resíduos dos efluentes;
Trocar o equipamento coletor antes da saturação da placa adesiva, desta forma evitando infiltração sob a placa.

O plano terapêutico do enfermeiro deve ter como base o fator causal da dermatite, os materiais habitualmente utilizados e a revisão das ações de cuidado realizadas pelo paciente e/ou cuidador, assim como a avaliação frequente da região periestomia. (PAULA; CESARETTI, 2015).

A dermatite periestomia pode ser classificada em irritativa (química ou de contato), alérgica, por trauma mecânico e por infecção. (BORGES; RIBEIRO, 2015). As quais serão descritas a seguir.

Fonte: Arquivo pessoal da Enfermeira ET Sandra Marina da Silva Rosado Furtado (2015).

Fonte: Arquivo pessoal da Enfermeira ET Sandra Marina da Silva Rosado Furtado (2015).

Nessa forma de dermatite, ocorre uma resposta inflamatória local que resulta da hipersensibilidade ao componente químico da base adesiva do equipamento coletor em contato com a pele periestomia. Manifesta-se por erupção cutânea (rash cutâneo ou exantema) e prurido, limitados ao local de contato. (PAULA; CESARETTI, 2015; SCHMIDT; HANATE, 2015).

O tratamento da dermatite alérgica inicia-se com a interrupção do uso do produto alergênico e, em alguns casos, pode ser necessário o uso tópico de corticosteroides. (STEINHAGEN; COLWELL; CANNON, 2017).

A dermatite alérgica é decorrente pelo uso de produtos contínuos e/ou inadequados, no cuidado com as estomias. Também pode ocorrer em virtude de sensibilização pelo uso contínuo do dispositivo, de barreiras adesivas e/ou de micropores. Sobrevém no primeiro contato ou após anos de contatos repetidos com o agente sensibilizante. (BORGES; RIBEIRO, 2015; STEINHAGEN; COLWELL; CANNON, 2017).

Dermatite alérgica

Dentre os cuidados para prevenir a dermatite por trauma mecânico destacam-se os descritos a seguir. (FURTADO; PETUCO; SILVA, 2018):

Cuidados
Utilizar equipamento adequado para o tipo de estomia;
Orientar a técnica de colocação e retirada do coletor, evitando friccionar a pele em sua remoção;
Realizar limpeza e hidratação da pele delicadamente, utilizando apenas produtos indicados para uso na pele periestomia.

Fonte: Arquivo pessoal da Enfermeira ET, Neiva Maria Salton (2014).

A dermatite por trauma mecânico pode causar abrasão da epiderme ou tornar a região suscetível a lesões. Geralmente está associada a vários fatores, como: remoção abrupta da bolsa coletora, limpeza exagerada da região periestomia, troca frequente e/ou má adaptação do equipamento coletor. (PAULA; CESARETTI, 2015; BORGES; RIBEIRO, 2015).

Dermatite por trauma mecânico

dermatite da pele periestomia
figura 1

Fonte: Acervo pessoal do autor (2014)

A dermatite irritativa também pode ser desencadeada pela exposição direta da pele às substâncias dos adesivos e dos produtos utilizados, como sabões e solventes. Essas substâncias provocam irritação, enfraquecem a camada córnea da epiderme e alteram o pH da região, causando as lesões. (PAULA; CESARETTI, 2015).

A dermatite irritativa (química ou de contato) frequentemente ocorre quando o fluido intestinal ou urinário fica em contato constante com a pele periestomia, principalmente nas estomias retraídas. (BORGES; RIBEIRO, 2015). Também pode ser desencadeada quando a pele periestomia fica exposta pelo recorte inadequado da bolsa. (SCHREIBER, 2016).

Dermatite irritativa

A foliculite é a inflamação dos folículos capilares na área de pele, onde é aderido o sistema coletor. Ocorre principalmente, pelo traumatismo

por lâminas de barbear, as quais causam microlesões, propiciando a infecção por bactérias Gram-positivas. (STEINHAGEN; COLWELL; CANNON, 2017).

A foliculite é evitada com a orientação de aparar os pelos, da região da pele peristomia, com tesoura em ponta curva. Para o tratamento, indica-se realizar a limpeza com sabão antibacteriano a cada troca de bolsa enquanto persistir a inflamação. (STEINHAGEN; COLWELL; CANNON, 2017).

As lesões fúngicas por cândida são vermelhas, úmidas e podem manifestar-se com pápulas, vesículas, pústulas, erosões ou crostas. (STEINHAGEN; COLWELL; CANNON, 2017). O usuário poderá queixa-se de prurido e ardência no local. Podem ser causadas por vários fatores: alterações no sistema imune e da microbiota do sistema tegumentar; radioterapia ou quimioterapia; diabetes mellitus e uso prolongado de antibióticos. (PAULA; CESARETTI, 2015; SCHMIDT; HANATE, 2015).

Geralmente, diagnóstico é baseado na aparência, mas poderá ser necessária a confirmação com exame laboratorial. Para o tratamento, indica-se a utilização de barreira para a pele e medicamento antifúngico tópico. (STEINHAGEN; COLWELL; CANNON, 2017). 

Dermatite por Candida albicans

Fonte: Arquivo pessoal da Enfermeira ET Sandra Marina da Silva Rosado Furtado (2015).

Fonte: Acervo pessoal do autor(2014)

Dermatite por infecção

A dermatite por infecção é causada por bactérias ou fungos, como o Staphiloccocus aureus e a Candida albicans. Manifesta-se por foliculite ou candidíase na região periestomia. (PAULA; CESARETTI, 2015; SCHMIDT; HANATE, 2015; STEINHAGEN; COLWELL; CANNON, 2017).

Figura 2
figura 3

Apesar de a confecção da estomia ser considerada um procedimento cirúrgico simples, as complicações que surgem geralmente podem ser evitadas com uma adequada demarcação prévia do local e com técnica cirúrgica apropriada. O planejamento de cuidados específicos no período perioperatório dessas cirurgias são importantes, uma vez que interferem no processo de reabilitação do paciente. (PAULA; CESARETTI, 2014a; SCHMIDT; HANATE, 2015). 

A orientação das pessoas com estomia e de seus cuidadores é de responsabilidade da enfermagem e pode influenciar diretamente as ações de cuidado e autocuidado. Desse modo, a assistência de enfermagem especializada tem contribuído para a redução das complicações na pele periestomia. (SCHREIBER, 2016).

Nesse contexto, é importante destacar a orientação em relação à dieta, à promoção da ingesta hídrica e à identificação de sinais e sintomas que indicam obstrução intestinal, tais como náuseas, vômitos e distensão abdominal. (KAYO et al., 2015). 

Algumas complicações são imediatas, surgem nas primeiras 24 horas do pós-operatório, por exemplo: necrose de alça, hemorragia e edema. Outras são classificadas como precoces, ocorrendo entre o primeiro e o sétimo dia do pós-operatório, dentre as quais se destacam: o descolamento mucocutâneo, a fístula e a retração da estomia. As complicações tardias, por sua vez, se manifestam após a alta hospitalar ou até meses depois da cirurgia, por exemplo: hérnias paraestomais, prolapso de alça, retração da estomia, estenose, lesões pseudoverrucosas e dermatite periestomia. (PAULA; CESARETTI, 2014b; PAULA; MATOS, 2015).

Além disso, algumas complicações são específicas das ileostomias, tais como: déficit de nutrientes (vitamina B12, magnésio e potássio), diarreia e dermatite. (KAYO et al., 2015). A seguir são descritas as complicações imediatas, mediatas e tardias.

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